sábado, 27 de dezembro de 2008

Décimo Primeiro


Subo e desço a mesma árvore todos os dias. Trepo, a custo, por entre as ramificações finas. Quando chego ao topo, estico a mão sobre os olhos, por causa do Sol, e fixo o horizonte. Mas só vejo vazio. Então desço, desiludida. E espero pelo dia seguinte, pela manhã seguinte, para voltar a subir.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Décimo


Contar-te-ia um segredo

Dos tempos em que tive medo,

Porque voei alto de mais,

Porque ousei tocar o céu.

Dos tempos em que as estrelas se derretiam de doçura,

E transformavam-se em chuva

Com um estranho sabor a caramelo,

Que caía suavemente sob a pele.

Dos tempos em que eu e ele

Pintávamos os mundo com as cores do arco-íris.

Contar-te-ia mil segredos,

Dos tempos de mil medos,

Dos tempos em que amei.

domingo, 8 de junho de 2008

Nono

Há um olhar de espanto em toda a parte. Não sei para que existem os dias. O meu destino pergunta-me para onde vou. Digo-lhe que não sei nada dessa palavra chamada futuro. Há abraços no mundo e, às vezes, isso devia bastar. Ouço o grito das ondas do mar. Afogam-se nessa sede exangue de repouso. Pela janela vejo o tempo cair. Nessa eterna esperança de o estancar. Eu caminho em direcção ao vento. um dia, hei-de lá chegar.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Oitavo


Há corações sem nome. Rodam dentro do mundo e brilham muito alto. Trazem mensagens de longe, feitas de infinito. e deixam cair pétalas de luz no escuro da noite. Há pessoas-navios que flutuam em estrelas cadentes. Têm as mãos cheias de mistério. Há corações a tocar trompete na linha do horizonte. E mundos inteiros por navegar.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Sétimo

escondo-me dentro da noite. há pássaros cansados que dormem a sua esperança ao relento. e dizem alto palavras que não há. vejo magnólias passear no vento nocturno. há homens a remexer as entranhas do mundo. procuram o nome de todas as coisas. corro e levo o meu coração para longe. descubro caminhos feitos de uma alegria feliz. sorrio dentro. semeio flores no meu vestido. rego-as com água doce. sento-me na exaltação do mundo, à espera de ver, no meu colo, a primeira pétala nascer.

domingo, 20 de abril de 2008

Sexto


Em cada gesto, em cada olhar, em cada movimento perdido na rotina de um dia, e mesmo que eu seja obrigada a estar a braços com o silêncio, acompanho-te em cada passo. Abraço-te e aconchego-te no silêncio dos meus gestos, observo-te no escuro a que estou sujeita, ouço-te na surdez dos sentidos que despertas em mim. Minha Pequena.

domingo, 13 de abril de 2008

Quinto


O medo está em todo o lado.
Nas esquinas, nas portas e nas janelas, fechadas ou abertas, no fundo das vielas, escuras ou de um candeeiro só, nos olhares de quem conheces e dos outros que não sabes quem são, no fundo das escadas e no degrau a seguir ao teu, atrás do armário e debaixo da cama, dentro e fora dos carros, das casas, das ruas e das cidades, onde consegues ver tudo e onde não vez nada, onde está escuro e onde está luz demais, onde há silêncio e onde ele já não existe, no que se diz e no que fica por dizer, no que se sabe e no que não se sabe, no que se ama e no que não se pode amar.
Está em ti, é ele que te prende e que te empurra ao mesmo tempo.

domingo, 23 de março de 2008

Quarto


No meio de tanta mudança, deparamo-nos com aquilo que não mudou… Que continua aqui tão ou mais forte que nunca. Que nos apoia incondicionalmente. Aquilo que nos continua a admirar, a dar-se a nós… A fazer-nos ser. Aquilo que é puro e na qual nós pomos total confiança. Aquilo que veio connosco para este lado da muralha, que nos trouxe todas as memórias bonitas que ficaram… E tudo aquilo que não se esquece e com o qual se aprende. Todas as lições de vida. As vezes em que batemos com a cabeça. As quedas. Os desafios. O levantar. O agir. As decisões. Os erros do Passado. Os erros do Presente. O pedido de desculpa. O melhor para todos. A oportunidade perdida. O seguir em frente… Tudo aquilo que foi construído a seu tempo, que amadureceu a seu tempo e hoje dá frutos. Aquilo que cresce e se ergue, sem grandes adubos e fertilizantes. Apenas com o carinho e a dedicação necessários. Aquilo que sobrevive no meio do nada: a [pura] Amizade que hoje trazemos connosco.
Dizem que a vida são dois dias. E nesses dois dias da nossa vida, aprendemos tanto e tão pouco. E no resto de tudo…sobrou o abraço que ficou por dar, o sorriso, o pedido de desculpa, o dizer que gostamos da vida tal como ela é…
Há que aproveitar cada momento e não deixar nada importante por fazer, nem nenhuma palavra especial por proferir. O mundo é nosso... Portanto, sorriso nos lábios…O caminho é em frente! Se não houver caminho?! Há sempre o atalho feito por nós!
Querem melhor que isso?

sexta-feira, 14 de março de 2008

Terceiro


Rio, porque temo voltar a chorar!

Vivo, na ousadia de vencer.

Parto, para encontrar meu lugar...

Ao passado nunca vou pertencer.

Escrevo, para me emancipar:

Se calar, irei elouquecer!

Ofusco tudo aquilo que sinto,

Emaranhando sentimentos, minto.

terça-feira, 11 de março de 2008

Segundo


A vida não passa de uma montanha russa para a qual todos nós temos um bilhete! Tem altos e baixos, dá reviravoltas, chegamos mesmo a ter dias em que a nossa vida está do avesso! Torna-se alucinante, tem adrenalina mas há dias em que o unica coisa que queremos é que aquilo acabe! Dá-te volta ao estômago, ficas mal disposta, sorris de medo, mas sentes-te livre!


Estás com medo?


Mas devias!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Primeiro...


Ela não se importava com o que diziam, muito menos com o que pensavam. Era assim, como era, e quem não gostasse podia, pura e simplesmente, ignorá-la. Nunca foi dada a obrigações, muito menos, a opiniões alheias. O que era chegava-lhe e por muito que falhasse, sabia que tinha à sua volta quem dela gostasse. Se o que faz agora é certo ou errado, não sabe, mas tem a certeza de que, um dia, vai aprender ainda Muito com tudo o que de mal fez, e ainda fará.